Em agosto de 2008, o professor e fisioterapeuta João Batista Raposo Mazullo Filho, chegava a então Faculdade Santo Agostinho para ministrar aulas. Na época, ele havia acabado de se graduar especialista em Fisioterapia Cardiorespiratória, pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e também em Fisioterapia em Terapia Intensiva pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). Ele não podia imaginar que, doze anos depois, agora trabalhando no Centro Universitário Santo Agostinho e já doutor em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), vivenciaria uma pandemia causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), que alterou a rotina mundial com a maior crise sanitária das últimas décadas.
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Ele explica que logo que viu as primeiras notícias, pensou que com sua experiência na área poderia contribuir, já que tem vasta experiência na área, sendo coordenador e professor da pós-graduação de Fisioterapia Cardiorrespiratória com ênfase em reabilitação e de Fisioterapia em Terapia Intensiva do UNIFSA – ou seja, ele uniria seu conhecimento acadêmico e científico com a disponibilidade em colaborar com o sistema de saúde da sua cidade.
João Mazullo relata que a partir do dia 13 de abril, tudo começou a mudar na sua vida. “Peguei escalas de atendimento visando ajudar e cuidar das pessoas, pois estamos carentes de profissionais. Estão abrindo leitos que necessitam de profissionais com experiência, além da ausência de muitos que precisaram se afastar porque contraíram a doença. Comecei no Hospital da Polícia Militar, no dia 13 de abril, na estabilização. E no dia 4 de maio, comecei no Hospital Universitário, na UTI especializada em COVID. No dia 25 de maio, comecei no Hospital de Campanha Pedro Balzi, com pacientes de média e alta complexidade na estabilização. Nesse meio tempo, fui convidado para ser treinador do programa PROADI, que é um programa do Ministério de Saúde com o Hospital Hcor, de São Paulo, onde estou passando visita e treinando os profissionais da UPA Renascença, Satélite, Promorar e Hospital de campanha”, explica.
O professor relata que em média passa 84h semanais nos plantões hospitalares e ainda se divide com as atividades docentes. “Mudei bastante no decorrer dos dias. Acho que comecei a acreditar mais na minha força mental pois já são mais de dois meses com essa rotina intensa. Trabalho na linha de frente, na docência, realizo capacitações, treinamentos e também tenho me dedicado a produzir materiais informativos para difundir conhecimento adequado, trocar experiências com profissionais do Brasil todo. Nesse momento, vivemos uma batalha contra o vírus e contra as informações falsas, então acho que também temos essa missão de repassar informações baseadas em evidências científicas”.
Esse comprometimento com a ciência também fez com que o professor se dedicasse a publicar uma pesquisa com o nosso egresso, Gabriel Martins de Barros, intitulada de “Considerações sobre a relação entre a hipertensão e o prognóstico da COVID-19”. Confira matéria completa aqui.
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Para o fisioterapeuta e professor, o que chama mais a atenção é a capacidade que o vírus tem de se alastrar e as perguntas ainda sem respostas. “Tem paciente sendo infectado, que não é do grupo de risco, jovem e vai parar na UTI e fica mecanicamente ventilado. Precisamos de mais estudos para entendermos que situação é essa e o que isso está relacionado aos pacientes. O nosso maior desafio é porque é tudo novo, é uma doença que a gente não conhece muito bem, que quanto mais a gente estuda, mais a gente acha que tem que estudar”.
Durante toda a sua trajetória profissional, talvez esse seja o seu maior desafio. No entanto, pela sua qualidade técnica e científica , João Mazullo tem se mostrado um grande combatente no enfrentamento à COVID-19 na nossa cidade, o que tem despertado admiração e orgulho dos seus alunos e também de todos que fazem o Centro Universitário Santo Agostinho.
Qual o papel da Fisioterapia no Combate à COVID-19?
O professor João Mazullo informa que o fisioterapeuta tem um papel fundamental na equipe multidisciplinar que trata o paciente diagnosticado com o novo coronavírus, seja na equipe da atenção primária, média e alta complexidade. O fisioterapeuta atua desde os níveis de prevenção na comunidade com ações educativas para a população sobre posicionamento adequado, observação da oxigenação através da oximetria. Na média complexidade nas salas de estabilização e nas salas em que os pacientes estão internados nas enfermarias, observando posicionamento, oxigenoterapia, titulando oxigenoterapia, acompanhando a evolução do paciente que pode necessitar de intubação, seguindo o curso do paciente para UTI, onde o profissional atua na ventilação mecânica, ajustando parâmetros ventilatórios, ventilação, fisioterapia respiratória com algumas observações, alguns diferenciais.
Outra importante informação para a categoria profissional é a de que, em razão da pandemia, em Teresina, o fisioterapeuta foi inserido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Atualmente, tem escala de fisioterapia 24 horas porque os pacientes estão chegando em estado grave e precisando de suporte de intubação e suporte ventilatório imediato. Diante desse quadro, a gestão municipal garantiu a presença dos fisioterapeutas nessas unidades mesmo após pandemia, compreendendo a importância desse profissional para o pleno funcionamento da unidade”, conclui.