Uma roda de conversa sobre a sororidade marcou o Dia Internacional da Mulher no Centro Universitário Santo Agostinho. A roda trouxe o mote da campanha – “por que as mulheres devem dar-se as mãos?” – para ser discutido junto à comunidade acadêmica. A Roda ocorreu nesta sexta-feira, dia 6 de março, na Sala de Conferência do Anexo II do UNIFSA, reunindo as professoras Francisca Nascimento (pedagoga), Luciane Marta Neiva de Oliveira (coordenadora do curso de Estética e Cosmética), Patrícia Ventura (fisioterapeuta), Wirna Maria Alves da Silva (advogada), com a mediação de Hamanda Soares Viana Pereira da Silva (bióloga). Discentes dos cursos de Direito, Enfermagem, Fisioterapia e Estética e Cosmética estiveram no evento.
Sororidade, conceito que representa a união ou aliança entre mulheres, baseadas na empatia e no companheirismo, agrega um conjunto de princípios, cujo objetivo é alcançar a igualdade entre os gêneros. “E esse movimento, de dar as mãos, é muito importante”, disse a profa. Patrícia Ventura. Ela começou destacando que seu perfil é o da mulher que se dedicou mais à carreira profissional e em razão disso, recebe muitas cobranças em relação ao matrimônio. “Essa pressão existe. A maioria das pessoas ainda acha que é uma obrigação da mulher namorar, noivar, casar; depois, a pressão sobre ter filhos. Ninguém pergunta se a gente quer isso”, conta.
Para Hamanda Silva, mesmo no século XXI, em que mulheres e homens conquistaram, no Ocidente, uma igualdade de Direitos, muitas mulheres não possuem, sequer, autonomia para decidir questões relacionadas ao seu corpo. “Para ligar as trompas, por exemplo, ainda se exige a autorização do marido”. Para a profa. Ma. Wilna Silva, isso ainda acontece porque, historicamente, foram dados aos homens o privilégio de decidir pelas mulheres, especialmente, assegurados por leis que só foram modificadas com a Constituinte de 1988, que igualou os direitos de homens e mulheres. “Antes, o homem era o tutor legal dos bens do casal”, explica.
Hamanda muitas pessoas não estão ligando para as estatísticas horrorosas de mortes de mulheres por seus companheiros. Sobre isso, a professora Wirna diz que a violência contra as mulheres está alarmante. “De setembro de 2019 a 6 de março de 2020, no município de Teresina, já se contabilizam mais de 53 mulheres. Feminicídios. E tem gente que diz: só? Ouvi isso de uma costureira do Renascença 2, onde fui dar uma palestra hoje de manhã. Ela achou o índice menor, porque a violência contra a mulher está demais”, explica. “E é por isso que temos que dar as mãos e colocar essa discussão em prática para evitar que isso aconteça”.
A ausência de homens nas discussões sobre a violência contra a mulher foi questionado pela professora Luciane. “O que está sendo falado aqui é tão importante para o homens como para as mulheres. Isso aqui tem que servir como multiplicador, repassar para mais pessoas, para nosso vizinhos, para nossas famílias, em locais fora da instituição. Não adianta escutar e guardar somente pra gente”, disse.