Professores de Psicologia do UNIFSA lamentam falecimento do Prof. Dr. González Rey

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Os professores de Psicologia do Centro Universitário Santo Agostinho lamentaram o falecimento do Prof. Dr. Fernando González Rey, ocorrido em Brasília, na terça-feira, 26 de março. O professor, de origem cubana, estava radicado no Brasil há mais de 30 anos, desenvolvendo uma Teoria da Subjetividade, proposta teórica, epistemológica e metodológica original, que o projetou internacionalmente. No Brasil, ele atuava no Centro Universitário de Brasília e era professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília – UNB, por diversas vezes esteve em eventos promovidos pelo curso de Psicologia do UNIFSA.
Em 2016, o professor esteve presente na Semana de Psicologia do UNIFSA, apresentando a conferência de abertura, com o tema: “Discutindo a relação entre práticas e saber: a prática como cenário de produção de saber”, palestra mediada pelos professores Me. Carlos Eduardo Gonçalves Leal e Ma. Patrícia Melo do Monte.

Sobre a partida de Gonzáles Rey, o prof.Dr. Emanoel Lima, do corpo docente do UNIFSA, afirmou a importância do teórico cubano para a psicologia brasileira, especialmente, principalmente, por “fornecer caminhos para a pesquisa qualitativa no nosso campo”. Para o prof. Dr. Carlos Eduardo Leal, González Rey foi um dos mais importantes pensadores contemporâneos da Psicologia. “Ele era professor visitante em diversas universidades espalhadas pelo mundo. A teoria da subjetividade, desenvolvida por ele, é uma das expressões mais legítimas da psicologia latino-americana”, disse. A profa. Dra Patrícia Melo, que teve uma grande aproximação com o Professor González Rey, disse que ele deixa um legado de inestimável valor. “Sua vida, suas lutas, sua produção nos inspiram. Pensar sobre a subjetividade hoje exige incluir as contribuições de Fernando Luís González Rey, que se dedicou de forma incansável à temática, em uma perspectiva cultural-histórica, nas últimas décadas. Na elaboração de seu pensamento, apresentava um questionar-se constante, uma compreensão de diferentes perspectivas da Psicologia e uma capacidade de se comunicar com outros campos teóricos, que nos possibilitam uma reflexão ampliada sobre o sujeito e suas relações”, afirmou. Para ela, os seus textos carregam a intensidade de sua criação. “A processualidade é uma marca de sua construção teórica e evidencia-se quando González Rey de forma frequente revisitou seus escritos e os perspectivou em relação às pesquisas que orientou nos campos da psicologia social, da saúde, da clínica, do desenvolvimento humano e da educação”, afirmou. Ela lembra, ainda, que o professor era uma pessoa incrível! “Humor fantástico, inteligência rara, produzindo de forma contínua, embora a doença voltasse e insistisse em lhe tirar a paz. Sempre vi muita vida no Fernando! Vai fazer muita falta”, afirmou.

Fernando Luís González Rey era doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia Geral e Pedagógica de Moscou e doutor em ciência pelo Instituto de Psicologia da Acadêmica de Ciências da União Soviética. Foi presidente da sociedade de psicólogos de Cuba (1986-1989), decano da Faculdade de Psicologia da Universidade de Havana (1995-1990) e vice-reitor desta mesma Universidade (1990-1995). Atuava, até este momento, como professor titular e pesquisador do Centro Universitário de Brasília, bem como professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, onde coordena o grupo de pesquisa “A subjetividade na saúde e na educação”.  Além disso, foi professor convidado para ministrar cursos em diversas instituições de ensino em diferentes partes do mundo, tais como The London School of Economy (Londres, Reino Unido), École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris, França), Monash University (Melbourne, Austrália), City University of New York (Nova York, EUA), Universidad Autónoma de Madrid (Madri, Espanha), Universidad Autónoma de México (Cidade do México, México), Universidad Valencia (Valência, Espanha), Universidad de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina), Universidad Interamericana de Puerto Rico (Porto Rico, EUA), Universidad Complutense (Madri, Espanha), Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto, Brasil), Universidade de Brasília (Brasília, Brasil), entre outras.

SAIBA MAIS SOBRE O PROFESSOR GONZÁLEZ REIS

(texto extraído do http://www.fernandogonzalezrey.com/index.php/trajetoria-academica/2015-09-04-05-41-31)

Seu aprofundamento em pesquisas sobre o tema da personalidade teve início em 1973, o qual compôs parte significativa de sua Tese de Doutorado em Psicologia defendida em 1979 no Instituto de Psicologia Geral e Pedagógico de Moscou. Este trabalho teve a orientação de V. E. Chudnovski, colaborador de L. I. Bozhovich, diretora do Laboratório sobre o Estudo e Desenvolvimento da Personalidade neste mesmo Instituto. Mais especificamente, sua tese se apoia nos estudos desenvolvidos por ele em Cuba sobre o desenvolvimento dos ideais morais e as intenções profissionais em adolescentes e jovens cubanos.

Após a conclusão de sua Tese se Doutorado, continua aprofundando no desenvolvimento das questões teóricas e metodológicas implicadas no estudo da personalidade e estende suas pesquisas sobre este tema às áreas da saúde, educação e desenvolvimento humano sob um prisma abrangente. Estes trabalhos o levam a aprofundar no conceito de comunicação e a criticar as limitações do conceito de atividade na forma com que foi tratado até os anos setenta do século XX pela psicologia soviética. O conjunto desses trabalhos lhe permitiu defender o grau de Doutor em Ciências, título que constitui até hoje o grau máximo concedido no âmbito da ciência russa.
Suas primeiras publicações referem-se aos estudos que culminam no Ph.D. em Psicologia: Motivación moral en adolescentes y jóvenes, Havana, Cuba, 1982; Algunas cuestiones metodológicas sobre el estúdio de la personalidade, Havana, Cuba, 1982; Motivación profesional en adolescentes y jóvenes, Havana, Cuba, 1983; e Psicología de la Personalidad, Havana, Cuba, 1985. Após o seu Doutorado em Ciências, já se expressa maior abrangência teórica em suas publicações, dentre as quais se destacam: Personalidad, salud y modo de vida, Universidade Central da Venezuela, 1989 y Universidade Autônoma do México, 1993; La personalidad: su educación y desarrollo (em co-autoria com A. Mitjáns), Havana, Cuba, 1989; Psicología: princípios y categorías, Havana, Cuba, 1989; Problemas Epistemológicos de la psicología, Colégio de Ciências Sociais da Universidade Autônoma do México, 1993; Psicologia Humanista: Actualidad y Desarrollo, Havana, Cuba.1994 (em co-autoria com H. Valdés); e Personalidad, Comunicación y Desarrollo, Habana, Cuba, 1995.

Como resultado de sua participação ativa no movimento da psicologia social crítica na América Latina em princípios dos anos oitenta, começa a aprofundar seus interesses na psicologia social e a destacar a importância dos conceitos sujeito e subjetividade para a psicologia social. Deste momento, datam seus capítulos em obras coletivas da psicologia social e política latino-americana, compartilhadas com importantes autores do continente, tais como Ignácio Martin Baró, Maritza Montero, Bernardo Jiménez e Jose Miguel Salazar. A repercussão de seus trabalhos culminou em sua laureação como Prêmio Interamericano de Psicologia em 1991.

Em 1995, chega ao Brasil como professor visitante do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, permanecendo nesta instituição até o ano 2000. Em 1997, entra em um novo momento de seu trabalho no qual se centra nas consequências de seus trabalhos anteriores para o desenvolvimento de uma Teoria da Subjetividade em uma perspectiva cultural-histórica. O primeiro livro nesta direção foi publicado simultaneamente em São Paulo e Havana: Epistemologia Cualitativa y Subjetividad em 1997.  Desde 2010, é professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma Universidade, onde coordena o grupo “A subjetividade na saúde e na educação” e orienta diversos trabalhos de Mestrado e Doutorado Acadêmico. Desde o ano 2000 até os dias de hoje, é professor titular do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), onde é líder da linha de pesquisa Saúde e Educação, bem como orienta trabalhos de graduação e pós-graduação.

O novo momento no estudo da subjetividade implica um novo conjunto de obras onde há uma permanente articulação em desenvolvimento entre o teórico, o epistemológico e o metodológico. As áreas de pesquisa se ampliam e aparecem importantes diálogos com a teoria das representações sociais, assim como novos campos de reflexão teórica e pesquisa em relação aos temas da psicoterapia, da psicologia social e da saúde. Neste período, o livro Sujeto y subjetividad: una aproximación histórico-cultural, publicado no México em 2002 e no Brasil em 2003, avança sobre os conceitos básicos desta proposta teórica sobre a subjetividade. A partir de 1998, as publicações em idioma inglês dentro desta linha de trabalho crescem rapidamente e nos primeiros anos do século XXI aparecem três importantes publicações em idioma francês sobre o diálogo entre a Teoria da Subjetividade e a Teoria das Representações Sociais.

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