Professor do UNIFSA apresenta trabalho em evento internacional

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O prof. Me. Matheus Asmassallan de Souza Ferreira, do curso de Psicologia do UNIFSA, apresentou um trabalho no 14° Deutscher Lusitanistentag (14° Congresso Alemão de Lusitanistas da Universidade de Leipzig).

O evento teve 21 seções com participantes de diversos países, como Canadá, Timor-Leste, além de uma programação com conferências plenárias com pesquisadores renomadas como Eugênia Lammoglia Duarte (Rio de Janeiro), Roberto Vecchi (Roma) e Johannes Kabatek (Zurique). Autoras lusófonas prestigiadas internacionalmente como Filipa Leal (Portugal) e Conceição Lima (S. Tomé e Príncipe).

“O congresso une o mundo lusófono, construindo pontes entre os Estudos de Língua Portuguesa e a comunidade científica nos países lusófonos, na Alemanha, na Áustria e na Suíça, bem como em muitos outros países do mundo”, explica o professor.

Prof. Me. Matheus Asmassallan de Souza Ferreira

Matheus apresentou o trabalho intitulado “Corpo-memória: escrita de si de psicólogos/as negros/as no Brasil“, na seção 11 – Estudos culturais e estudos pós-coloniais: Reminiscências e percepções dos tempos coloniais no tempo presente. A apresentação ocorreu na última sexta-feira, dia 17/09, às 16h30 no horário local da cidade Leipzig/Alemanha.

A pesquisa desenvolve a discussão a partir da perspectiva adotada pela historiadora e intelectual brasileira Beatriz Nascimento, que diz ser o corpo, o principal documento de memória dos movimentos negros, forçados ou nã, seja a travessia do trânsito diaspórico vindo do continente africano para América ou do campo rural para a cidade.

“A memória não é só o corpo como aparência em cor da pele e cabelo, pelas quais a população negra é identificada e discriminada no Brasil, mas também pelas memórias de fortalecimento”, explica.

Prof. Me. Matheus Asmassallan de Souza Ferreira

Para ele, Beatriz Nascimento também afirma que esse corpo negro, ainda que parado em uma fotografia anuncia sentidos, na sua memória corporal ou na difícil construção da cidadania frente a história de direitos negados na falsa integração dos negros no contexto de pós-abolição brasileiro.

Neste sentido, este trabalho, que compõe a construção de uma tese de doutorado em psicologia em andamento, objetiva ecoar as escritas de si de psicólogos/as negros/as brasileiros/as, apreendendo suas narrativas na universidade, bem como do seu corpo-memória de trânsitos e resistências frente ao racismo, onde por tais relatos percebe-se que um dos caminhos possíveis para as transformações sociais da comunidade negra é o acesso e a sua permanência na educação superior, se desenvolvendo socialmente e fortalecendo a sua memória (igualmente corpo) pós-colonial nesses espaços, rompendo assim com os sentidos estagnados em ausências de direitos e violações promovidos pelo colonialismo.

Espera-se, com essa investigação, construir subsídios para políticas públicas e institucionais, no intuito de fortalecer a formação e atuação da psicologia, considerando a diversidade étnico-racial dos estudantes na educação superior do Brasil.

“Na minha pesquisa de doutorado em psicologia do desenvolvimento na Universidade Federal da Bahia, eu tenho estudado as vivências negras na formação em psicologia de duas gerações (antes e após ações afirmativas de cotas raciais) nos estados da Bahia e Piauí. Ecoar as vozes da população negra na universidade, em tempos de políticas de negacionismos, tem sido mais necessário para revermos as estratégias e tecnologias ancestrais, que a população negra desenvolveu para seguir resistindo no nosso país”, diz.

Prof. Me. Matheus Asmassallan de Souza Ferreira

Segundo a ONU, a cada 23 minutos, um jovem negro (como eu) morre no Brasil, além disso, nós negros/as representamos mais de 57% dos mortos pela Covid-19, onde a primeira vítima da doença foi a dona Cleonice Gonçalves, mulher negra de 63 anos, que era trabalhadora doméstica desde os 13 anos, onde não foi dispensada do trabalho pela sua patroa, que chegou de férias da Itália com os sintomas da doença em março de 2020.

“Diante do histórico de escravização dos povos indígenas e negros no Brasil, precisamos falar de como nos projetamos no futuro e estamos mudando a realidade via educação”, disse.

Prof. Me. Matheus Asmassallan de Souza Ferreira

Para Matheus, estudar os processos formativos de duas gerações psicólogos/as negros/as para além de retomar cicatrizes históricas e feridas ainda abertas, nos permite construir outras possibilidades de futuro, assim como tem sido possível com meus estudantes no estágio supervisionado de psicologia escolar do UNIFSA, onde tem sido possível pensarmos e construirmos juntos uma psicologia ainda mais comprometida com a nossa sociedade.

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