Professora de Antropologia no Centro Universitário Santo Agostinho, Ana Kelma Cunha Gallas, doutoranda em Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí, publicou uma série de pesquisas sobre a diversidade sexual e de gênero em periódicos brasileiros. Ela integra o Grupo de Pesquisa Democracia e Marcadores Sociais da Diferença, liderado pela profa. Dra. Olívia Cristina Perez, da Universidade Federal do Piauí.
Em Junho, Kelma Gallas participou da coletânea “Proteção e liberdade: as escolhas trágicas de um Estado em crise”, organizada pela Profa. Dra. Guiomar de Oliveira Passos e o prof. Dr. Kleber Montezuma Fagundes dos Santos, editada pela EDUFPI. O capítulo intitulado Igualdade, Liberdade e emancipação na Pandemia da COVID-19: Reflexões teóricas a partir de Tocqueville, Mill e Marx, foi escrito em parceria com Libni Milhomem Sousa e Rammyro Leal Almeida, que participam do Programa de Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí.
O trabalho faz uma discussão teóricas da intervenção do Estado no contexto da pandemia, buscando aportes tanto em Alexis de Tocqueville, em “A democracia na América: sentimentos e opiniões”, e John Stuart Mill, em “A liberdade”, como em Karl Marx, em “A questão judaica”.
Para os autores, Desde que despontou no início de 2020, a pandemia da Covid-19 vem repercutindo profundamente em todos os domínios da vida social, implicando, sobretudo, na esfera política: “Se de um lado, medidas são adotadas para impedir a propagação do vírus restringiram direitos fundamentais, como a liberdade de locomoção ou de reunião, de outro, os governos em diferentes esferas, ampliaram o seu poder de controle. Resguardando as distintas conjunturas e as formas de controle adotadas nos países, esse debate se situa em três grandes eixos: a liberdade de opinião, de locomoção e de participação política. Juntos, esses eixos constituem a síntese dos direitos políticos e direitos civis nos países democráticos”.
O ensaio encontra-se disponível para download no site da EDUFPI.
Outro trabalho foi publicado na coletânea “Letras da Diversidade”, organizada por Marleide Lins e Ruas Nunes Silva, publicada pela AvantGarde em parceria com o Grupo Matizes. O trabalho intitulado “Imaginário do gueto e os lugares de frequentação LGBQI+ em Teresina” é resultado de sua pesquisa de mestrado, concluída em 2013. No entanto, a autora considera que o trabalho tem um inestimável valor documental e histórico. Como explica o prof. Dr. Ruan Nunes, o trabalho traz à tona os espaços teresinenses cujas histórias são reconstruídas pelos olhares dos frequentadores e frequentadoras: “partindo de uma leitura quase cartográfica de ruas, praças e avenidas da capital do Piauí, Gallas retrata as histórias de espaços profundamente marcados pela expressão LGBTQIA+, em especial, as transgressões e as interrupções dos discursos normativos”.
O trabalho, que mescla uma perspectiva acadêmico-investigativa, reporta-se a bares de frequentação LGBTQIA+ entre os anos 1990 e 2000, onde a autora “revela como essa presença de grupos minoritários se constrói na dubiedade da metáfora do armário, proposta pela estadunidense Eve Kosofsky Sedgwick – ora excessivamente público, ora demasiadamente privado”, explica Ruan Nunes.
Para Kelma Gallas, em Teresina, a ideia de “gueto”, esteve, durante muito tempo, associado ao centro da cidade, onde se concentravam os espaços de frequentação LGBTQIA+. “A palavra ‘gueto’ evocava a ideia de sordidez e exclusão, de espaços marginais, frequentados por excluídos e caracterizado pelos serviços baratos e de qualidade inferior”, disse.
O livro foi lançado durante a Feira do Livro da Diversidade, nos dias 27 a 28 de maio, no Clube dos Diários de Teresina, quando participou de uma mesa mediada pelo organizador, o prof. Dr. Ruan Nunes Silva, e a autora Julyanne Alves Teixeira, autora do capítulo “Sair do armário no trabalho: implicações de se assumir em ambientes laborais”, fruto de sua dissertação.