Em novembro de 2016, por iniciativa da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania e Ministério da Educação, foi lançado o “Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos”, que aponta um conjunto de políticas de inclusão social, com iniciativas de combate à violência, ao preconceito e à discriminação. O Pacto compreende o ambiente educacional como local oportuno para debater a cultura e o reconhecimento da pluralidade das identidades e dos comportamentos relativos às diferenças.
Tomando por base os pontos preconizados no Pacto Nacional, sobretudo em relação à inclusão da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), a professora Ma. Ana Kelma Cunha Gallas e o estudante de Psicologia do Centro Universitário Santo Agostinho, Taynan Matheus Sousa Gonzaga, se dedicaram a pesquisar a temática. Desde 2017, eles realizam um estudo intitulado de “Políticas de Inclusão da População LGBT no Ensino Superior: mapeamento das ações afirmativas em favor da equidade e da diversidade sexual e de gênero na Faculdade Santo Agostinho”. Dessa vez, integrando o Programa Institucional Voluntário de Bolsas (PIVIC) do UNIFSA, eles resolveram ampliar os objetivos da pesquisa inicial, além de debater os desdobramentos atualizados dentro da instituição.
Os pesquisadores se dedicaram a analisar as características sociopolíticas dos eventos voltados para a discussão da igualdade de gênero e respeito à diversidade sexual. Além de apontar as atividades destinadas à discussão dos temas de interesse da população LGBT no UNIFSA. O estudo de objetivo descritivo foi realizado por meio de uma pesquisa documental, onde foram incluídos trabalhos acadêmicos e culturais relacionados à diversidade sexual em suas múltiplas dimensões – sociais, econômicas, políticas e religiosas. Após a coleta de dados, os pesquisadores realizaram uma análise de conteúdo de todo o material levantado. De acordo com a professora, foram elencadas as atividades do Projeto de Extensão Um Olhar sobre a Diversidade: discutindo corpo, sexo e gênero no espaço universitário, Seminário Discutindo Corpo Sexo e Gênero 2018, 14° Semana do Orgulho de Ser 2018 e Espetáculos do Núcleo de Dança do UNIFSA.
“Nós resolvemos continuar porque o primeiro projeto tinha o recorte temporal de 2017-2018, na renovação acrescentamos 2018-2019. Foi importante porque se trata de um momento em que acompanhamos notícias de muitos casos de violência motivados pela LGBTfobia e nós queríamos compreender de que forma a instituição reagia a esse aumento na estatística. Nos resultados, nós pudemos constatar que, mais uma vez, apesar do cenário nacional mais hostil em relação às questões da diversidade sexual e de gênero, a instituição manteve seus projetos, sua programação interna e toda uma política de boa convivência, solidariedade e de empatia com as pessoas LGBTs. Dessa forma, foi muito importante a gente constatar que a instituição está muito aberta, não só para discutir esses temas, mas também para realizar ações voltadas para acolhimento e, digamos assim, um olhar muito mais humano em relação a essa questão”, explica a professora Ana Kelma Gallas.
Para Taynan Gonzaga, agora psicólogo formado pelo UNIFSA, a experiência consecutiva de participar do Programa de Iniciação Científica da instituição foi muito importante para a sua construção, enquanto profissional e ser-humano. “Antes de participar do projeto, eu tinha outro olhar sobre as questões de gênero e sexualidade, mas agora tenho uma visão mais ampla, mais complexa. Isso contribuiu tanto com a minha formação pessoal, quanto para a minha atuação na Psicologia. Esses anos na iniciação científica me ajudaram ainda a perceber de maneira mais reflexiva os fenômenos da nossa sociedade, ultrapassando uma leitura mais superficial”, explica.
Os dois pesquisadores seguem levando os resultados alcançados na pesquisa para Congressos e Simpósios na área da Diversidade Sexual e de Gênero e relatam que as discussões são sempre bem proveitosas. “Nós levamos as nossas vivências aqui no UNIFSA em relação às políticas de inclusão e é interessante porque há sempre uma troca com outras experiências de outras instituições e então vamos vendo onde já avançamos e no que ainda podemos melhorar”, explica a professora Ana Kelma. Os pesquisadores também estudam publicar os resultados da pesquisa em uma revista especializada na área, pois acreditam que além da pesquisa em si, a divulgação científica também é fundamental para o fortalecimento de ações afirmativas que visam à inclusão da população LGBT no Brasil.