O processo de envelhecimento do ser humano é caracterizado pela contínua diminuição das atividades orgânicas e funcionais, com transformações progressivas e irreversíveis ao longo dos anos. Entretanto, os profissionais da saúde alertam que esse processo, embora natural, pode ser vivenciado de forma mais saudável, com o equilíbrio entre o envelhecimento biológico e psicológico do corpo humano. E um dos pontos importantes quando se pensa em envelhecer com saúde, se relaciona à pratica de exercícios físicos. Pensando nisso, a Profa. Dra. Alessandra Camillo da Silveira Castelo Branco, e a estudante Márcia Cardoso Ferreira Guimarães, do curso de licenciatura em Educação Física do centro Universitário Santo Agostinho, desenvolveram um estudo sobre a “Neuroplasticidade induzida pelo exercício físico”.
A pesquisa, que foi realizada com o apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do UNIFSA, teve como objetivo compreender como a literatura especializada relaciona a realização de exercícios físicos com a melhoria da plasticidade neuronal. Neuroplasticidade ou plasticidade neuronal se refere à capacidade do cérebro em se adaptar a mudanças por meio do sistema nervoso, através da reorganização de neurônios e circuitos neurais, que se moldam a níveis estruturais em decorrência de aprendizagem, vivências, treinos. A neuroplasticidade permite que os neurônios se regenerem e que sejam criadas conexões sinápticas – meios de comunicação entre os neurônios.
As pesquisadoras explicam que a escolha do tema partiu da curiosidade de saber quais os benefícios do exercício físico para os idosos no combate de doenças neurodegenerativas, como o alzheimer; a depressão, o mal de parkinson, entre outros. “Realizamos esse estudo com todas as atividades físicas e queríamos saber se realmente existe alguma melhora na cognição, na memória e no aprendizado. E até mesmo na regressão dessas doenças no paciente, pois a atividade física pode ser utilizada como prevenção e também como tratamento, e principalmente em se tratando dessas doenças do sistema nervoso central”, explica a professora Alessandra Camillo.
A estudante e pesquisadora Márcia Cardoso explica que o projeto foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica integrativa, em que foram analisados artigos publicados com os descritores: neuroplasticidade, exercício físico, entre os anos de 2013 e 2019, nas bases de dados PubMed e Science Direct. Os artigos selecionados tratam de casos pré-clínicos e clínicos. Um dos resultados encontrados pelas pesquisadoras aponta para os benefícios de longo prazo do exercício aeróbico. De acordo com os trabalhos analisados, a prática contínua do exercício leva a uma melhora no hipocampo do cérebro, acarretando uma neurogenese (processo de formação de novos neurônios no cérebro, provenientes de células-tronco neurais e progenitores neurais). Ou seja, a prática de exercício aeróbico, de no mínimo 60 minutos de duração, três vezes na semana, contribui com a neuroplasticidade do hipocampo, melhorando o córtex motor do paciente, que é responsável pela função da aprendizagem, da memória de longo prazo e da cognição do idoso.
O ponto alto da pesquisa desenvolvida, de acordo com a estudante Márcia Cardoso, trata-se das considerações que indicam que o exercício físico não melhora somente o condicionamento muscular, motor, a respiração, mas também as funções cerebrais e cognitivas. “Esse resultado de que o exercício físico traz inúmeros benefícios para o idoso é muito interessante. Porque é de conhecimento geral que o exercício físico traz melhorias para a vida do idoso. Mas nem todo mundo sabe que os exercícios também contribuem com as atividades neurais. A perda de neurônios e axônios traz dificuldade de realizar movimentos, de lembrar as coisas, dificuldade na fala da fala. E os exercícios com essa intensidade de leve a moderada, podem melhorar esses pontos na saúde do idoso, trazendo mais autonomia, independência, interação. Melhora a memória e a cognição”, ressalta.
A estudante reforça que o desenvolvimento dessa pesquisa contribuiu para despertar seu interesse em produzir ciência. “Foi um grande pontapé para as minhas pretensões acadêmicas dentro do campo da Educação Física, cada vez mais tenho interesse em temas para pesquisar na área. Essa participação também foi muito importante para me inserir no mercado de trabalho, para a atuação profissional. Foi muito enriquecedor ter participado do PIBIC”, define. Já a professora Alessandra Camillo afirma que esse projeto foi uma experiência inovadora em sua carreira. “Ainda não tinha tido a oportunidade de trabalhar com a metodologia da pesquisa bibliográfica integrativa, então foi algo novo para mim e gostei bastante dos resultados alcançados”.