Com a proposta de avaliar o quadro nutricional de alunos de escolas pública e privada, a equipe de pesquisadoras composta pela Profa. Me. Luciane Marta Neiva de Oliveira e as acadêmicas do curso de Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho, Thais Aline de Sousa Feitosa e Letícia Paixão Silva França, desenvolveram uma pesquisa intitulada: “Avaliação do perfil nutricional e glicemia de adolescentes de escolas da rede pública e privada de Teresina-PI” no Programa de Bolsas de Iniciação Científica do UNIFSA.
As pesquisadoras foram pautadas pelo objetivo de investigar se há uma relação da qualidade da alimentação com as questões socioeconômicas, aqui marcada pela diferença entre escola pública e privada. “A temática veio dos trabalhos desenvolvidos no curso. Já havíamos realizado essa pesquisa em outras escolas e tínhamos observado o quadro nutricional bem diferente do que a gente esperava, um pouco fora do padrão esperado. Além disso, também constatamos o sobrepeso, obesidade e queríamos comparar com a escola pública e privada para ver se havia realmente essa diferença. Se os aspectos socioeconômicos contavam ou não, o tipo de estudo, a rotina, e por isso fizemos um estudo comparativo”, revela a acadêmica de Nutrição, Aline Feitosa.
Para obter os dados, a equipe definiu que a forma mais eficiente para os objetivos traçados seria por meio da aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas. “O questionário foi formulado com questões sociodemográficas e questões mais específicas como a hereditariedade de doenças crônicas a exemplo da diabetes – um dos nossos focos por conta da glicemia e práticas de atividades físicas. Aplicamos também um questionário de frequência alimentar semanal, que é um método que você visa não só a alimentação de um dia, mas de uma semana”, explica a pesquisadora Thaís Aline.
O público do estudo foram os alunos de 14 e 15 anos, do ensino médio de duas escolas, uma pública e uma privada, escolhidas aleatoriamente. . “O nosso intuito era saber se existe diferença entre alunos que frequentam escolas públicas em relação a índice glicêmico dos alunos que frequentam a escola privada. Será se existe? Será que eles praticam atividade física? E ai chegamos em um resultado”, disse a professora.
O público do estudo foram os alunos de 14 e 15 anos, do ensino médio de duas escolas, uma pública e uma privada, escolhidas aleatoriamente. Foi coletado um total de 60 questionários. “O nosso intuito era saber se existe diferença entre alunos que frequentam escolas públicas em relação a índice glicêmico dos alunos que frequentam a escola privada. Partimos do questionamento se existiria alguma diferença em relação ao índice glicêmico, à prática de atividade física. Foi um processo longo até chegar ao resultado. Realizamos a avaliação nutricional utilizando peso e altura, circunferência abdominal, glicemia capilar. Esse processo de coleta de dados durou cerca de um mês nas duas escolas. É um processo devagar, pois primeiro o aluno responde e depois parte para a avaliação nutricional e por último fazemos o teste de glicemia’, explica a professora Luciane Marta.
As pesquisadoras concordam que embora tenha sido trabalhoso aplicar e coletar os questionários, as etapas mais complexas foram as posteriores: a de tabulação dos dados coletados e a discussão proposta em cima dos resultados. “Logo de cara percebemos que a hereditariedade das doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, quase não foram citadas. Em relação à atividade física, os alunos das duas escolas ficaram quase iguais, mas a pública se destacou mais que a privada. Já em se tratando dos hábitos alimentares, a escola privada apontou para um tipo de alimentação um pouco mais voltada para o uso de industrializados. Os alunos das duas escolas trazem um consumo razoável de cerais, frutas, verduras e legumes, mas os da escola privada estiveram a frente no consumo de de refrigerantes e fastfood em geral”, aborda Aline Feitosa.
A professora Luciane Marta explica que esse resultado já era esperado, uma vez que na escola pública os lanches fornecidos são preparados por uma equipe de Nutrição, por isso a alimentação vai toda balanceada conforme o cardápio semanal. Já na escola privada, os lanches, em geral, são disponibilizados pela cantina e são vendidos salgados, frituras, refrigerantes, sucos industrializados, petiscos, chocolates e bombons. Além do fato de que essa população dispõe de mais acesso ao consumo do fastfood. “Esse resultado se assemelhou ao de outros estudos já existentes. Nós pontuamos que os adolescentes precisam de atenção e informação. Na Escola Pública tem a presença do nutricionista e você vê isso refletindo na qualidade e no consumo de frutas, verduras e cereais”, pontua.
A estudante e pesquisadora, Aline Feitosa, explica que a oportunidade do PIBIC foi muito importante para o seu objetivo de carreira, pois pensa em seguir para o mestrado acadêmico na área. A estudante explica ainda que conseguiu levar a temática do projeto para a realização do trabalho de conclusão de curso, em virtude do campo de pesquisa ser amplo e abri brechas para ser trabalhado em cima de outros aspectos.
A professora Luciane Marta finaliza ressaltando a importância de trabalhos voltados para as evidências científicas, uma metodologia para a prática clínica bastante difundida entre os cursos de saúde. “Tenho muito interesse na prática baseada em evidências porque precisamos realmente ir a campo, pesquisar, analisar, para saber se condiz ou não com a realidade. Essa inclinação científica começa dentro da instituição, ainda com os nossos estudantes de graduação. Instigamos nossos alunos a pesquisar, pois são essas pesquisas que vão embasar a as decisões tomadas mediante os casos atendidos”.