Gestão de empresas e teleatendimento em saúde foram temas da programação da noite (7/10) na XVIII SEC

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A noite do terceiro dia da XVIII Semana Científica trouxe dois debates importantes. No momento qualificação, das 18h30 às 20h, foi debatido o “Uso da tecnologia como ferramenta de gestão nas organizações competitivas”. O tema foi apresentado pelo Administrador e professor Pedro Alexandre Cabral, Mestre em Comunicação e MBA em Ciência da Informação, e o empresário Rodrigo Lima, atual Presidente da AJE – PI, empreendedor e associativista com experiência em liderança de equipes e gestão de projetos de TI.

Prof. Pedro Alexandre Cabral e o empresário Rodrigo Lima

De acordo com os palestrantes convidados, o uso de tecnologia é um artifício essencial para as empresas e pessoas por se tratar de ferramentas que apresentam solução para necessidades humanas. “As novas tecnologias fazem a gente passar por um momento de reinvenção”, disse Pedro Alexandre. Já Rodrigo Lima pontuou que “as tecnologias são importantes, mas as empresas nem sempre precisam contratar serviços caros em nome do avanço mediado, existem várias formas e cada realidade requer uma análise para saber o que é mais viável”.

Prof. Dr. Alisson Gomes fez a moderação da web que teve a participação do Dr. Julio Marques

No segundo momento da noite, o tema foi a “A responsabilidade dos profissionais de saúde no teleatendimento”, com a participação do Dr. Julio Marques, Presidente da Comissão de Direito Médico, Saúde e Bioética da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Osasco (SP), e a Dra. Camila Cortez, especialista em Bioética e Direito da Medicina, e atua como Advogada do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
O Dr. Julio Marques apresentou, durante a sua fala, um panorama do teleatendimento no mundo. Para ele, os profissionais, no contexto da saúde, estão com os holofotes sobre si, o que requer um maior cuidado com a ética profissional. Mas, por outro lado, há muitos aspectos positivos, uma vez que a telemedicina, o teleatendimento, a teleconsulta, a telemonitoramento têm a possibilidade de dar equidade para as pessoas, principalmente, as que se encontram distantes.

“A telemedicina expandiu-se durante a pandemia, era inevitável. No Brasil temos como prática de teleatendimento autorizada apenas para algumas especialidades, e precisamos discutir essa modalidade para outras áreas. Não consigo afirmar se todos os conselhos preveem a possibilidade do teleatendimento. Mas temos que ter alguns cuidados. Por exemplo, pela lei geral de proteção de dados, como os dados do paciente serão preservados?”.
Dr. Julio Marques, Presidente da Comissão de Direito Médico, Saúde e Bioética da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Osasco (SP),


Dr. Júlio Marques diz que nada substitui a relação médico-paciente, o exame físico, independente da especialidade, e o próprio exercício da autonomia do paciente.

O pesquisador norte-americano da área da saúde, Gunther Eysenbach, é lembrado nos princípios do teleatendimento. Um deles diz respeito ao enriquecimento da qualidade de saúde com redução de custos, tendo, ainda, uma maior democratização do acesso a saúde. Outra vantagem diz respeito à educação dos pacientes e dos profissionais da saúde para uso das tecnologias. Mas Dr. Julio questiona: “será que os profissionais da saúde altamente tecnológicos formarão uma nova casta – em relação aqueles que se formaram há mais tempo?”. Para ele, a equidade, que possibilita um aumento da qualidade do acesso a saúde, é o melhor resultado que se pode esperar da expansão da telemedicina.

Dra. Camila Cortez, Advogada do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo

A Dra. Camila Cortez, Advogada do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, inicia sua fala reafirmando que o teleatendimento é um tema muito espinhoso, considerando o contexto que o mundo vive hoje. “Desde o início da pandemia, este foi um dos temas que mais tratamos no CRM”, diz. Para ela, a pandemia da Covid -19 trouxe um agravamento da desigualdade social no Brasil, intensificando os problemas das populações mais vulneráveis, tais como: moradores de rua, população negra, moradores de periferia, ausência de saneamento básico, assim como para os transexuais e idosos. “Esse é um primeiro panorama. Como dar acesso a saúde a quem não tem, ou seja, quem não condições, plano de saúde, computador, por exemplo?”, questiona.

A advogada conta que quando veio à tona a questão do teleatendimento, o conselho recebeu muitas ligações de médicos preocupados em não pararem, “não ficarem sem trabalho”.

“E quando vem o discurso de que ‘precisamos fazer teleatendimento para continuar a trabalhar e ganhar dinheiro’ é que começam as distorções. Hoje, se você não tiver teleatendimento, está fora de mercado. Mas a grande a maioria está pensando somente no lucro, e isso não é uma crítica. Mas nesse contexto, deve-se conciliar os interesses de uma indústria tecnológica querendo vender, as questões mercadológicas de um hospital que deseja atrair esse paciente e lucrar, e o paciente, na ponta, desejando atendimento. Eu queria muito que o teleatendimento se disseminasse, mas tenho preocupações do ponto de vista ético, e, especialmente, com as distorções decorrentes disso”, diz.

Mas, segundo ela, o contexto em que o teleatendimento está se inserindo, hoje, não pode ser usado com parâmetro para o futuro. Para Dra. Camila, é necessário levar em conta os possíveis riscos nas fases de atendimento na pandemia covid, como a vulnerabilidade social e biológica dos pacientes, e problemas como a discriminação e estigmatização, ou o desrespeito à diversidade cultural.

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