O egresso do curso de Psicologia do Centro Universitário Santo Agostinho, Igor Filipe de Sousa Oliveira, ministrou a mesa redonda “Educação Umbandista e o Processo de Tornar-se Negra” na III Conferência Continental de Estudos Afro-latinoamericanos, promovida pelo Afro-Latin American Research Institute (ALARI), da Universidade de Harvard, e realizada na Universidade de São Paulo (USP).
Formado em 2015, Igor atualmente é mestre em Antropologia, e sua relação com a temática abordada na palestra se dá por sua dissertação de mestrado.
Como pessoa negra, percebo que a academia precisa trabalhar cada vez mais essas questões historicamente e contemporaneamente, infelizmente, invisibilizadas. Desde cedo, na Psicologia, fui para a área educacional escolar. Enquanto pesquisador e profissional de saúde mental, me preocupava os índices significativos de exclusão de pessoas negras da educação escolar. Assim, quis saber mais sobre outros espaços de educação (agenciamento e empoderamento) de nossa população negra. Então, cheguei até um desses lugares: o Terreiro de Umbanda. Historicamente, esses espaços não são somente centros religiosos, mas também centros de cultura, lugares de preservação de uma memória coletiva. Lugares de promoção de saúde na periferia. Portanto, são lugares de processos educacionais alternativos, que não pretendem ser concorrentes da escola, mas, sim, promovem variados processos de empoderamento a pessoas negras, na falta da instituição escolar. O que observei, enquanto etnógrafo, é o quanto esse território atravessa questões sociais complexas, como saúde-doença, racismo, assassinato de pessoas negras, etc., configurando territórios e a pessoalidade daquelas e daqueles que frequentam a Umbanda na periferia. Dessa maneira, a Umbanda ajuda a empoderar mulheres negras a cada vez mais assumirem suas negritudes, como mostro em minha dissertação de mestrado pelo PPGANT (Programa de Pós-Graduação em Antropologia) da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Igor Filipe de Sousa Oliveira, egresso de Psicologia do UNIFSA
O egresso acreditou que esse assunto deveria ir além de sua dissertação, se candidatou e apresentou ao mundo através do Afro-Latin American Resarch Institute (ALARI) no dia 12 de julho.
O ALARI é um instituto de pesquisas sobre negritude e América Latina da Universidade de Harvard. É, portanto, a primeira instituição de pesquisas sobre afrolatinidade dos Estados Unidos. Esse instituto, dentre tantas coisas, oferece um fórum em que acadêmicos, pesquisadores, ativistas e funcionários públicos podem debater e trocar conhecimentos. Dessa forma, trazer para o debate amplo um recorte, a partir de minha pesquisa, sobre a realidade piauiense, em uma periferia da cidade de Teresina, enriquece, penso eu, o debate sobre forma de resistência e combate ao racismo estrutural, à intolerância religiosa e à exclusão das pessoas negras dos processos escolares.
Igor Filipe de Sousa Oliveira, egresso de Psicologia do UNIFSA
Segundo ele, essa experiência o permitiu se integrar, a partir de seu lugar de pesquisa, ao debate mais amplo e contemporâneo sobre as temáticas que estuda, além de estabelecer contatos, ampliar bibliografias e até metodologias de pesquisa, o que ajuda a superar possíveis lacunas na pesquisa.
Participar da terceira Conferência Continental do ALARI, a primeira da América do Sul, me possibilitou ver o que estamos pesquisando no Brasil, nas Américas e no mundo sobre questões negras, algo que é urgente, tendo em vista o escárnio histórico que eu e meus antepassados fomos submetidos. Então, essa experiência é, acima de tudo, uma forma de resistência e de luta coletiva, a partir de uma comunidade internacional de pesquisadoras negras.
Igor Filipe de Sousa Oliveira, egresso de Psicologia do UNIFSA
O UNIFSA parabeniza o egresso Igor Oliveira por esse incrível feito em sua carreira profissional. Destaca-se que a Instituição se orgulha em formar profissionais com seu nível de excelência. Sua pesquisa é relevante e o mundo precisa conhecê-la.
