A água é um dos elementos fundamentais para a sobrevivência. Desde que esteja tratada, ela mata a sede, higieniza alimentos e utensílios, evitando doenças como a desidratação e a contaminação por bactérias e parasitas. Mas a água de qualidade infelizmente não é a realidade de todos, principalmente daqueles que residem em áreas interioranas e/ou periféricas, como em muitas comunidades teresinenses.
E foi vivenciando esse cenário que a aluna do 8º período do curso de Enfermagem do Centro Universitário Santo Agostinho, Elayne Azevedo Pereira, colocou em prática uma ideia capaz de mudar vidas e melhorar a saúde de muitas pessoas.
A jovem, que faz estágio em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada no bairro Portal da Alegria, Zona Sul de Teresina, identificou o frequente surgimento de pacientes com sintomas de doenças causadas pelo consumo de água não potável.
“Na UBS, em uma consulta de enfermagem, uma paciente tinha cinco filhos com verminose, e a gente começou a ver a incidência não só dela mas de outros pacientes que também apresentavam. Muitos casos sempre estavam voltando em busca de tratamento, mas não tinha um método de prevenção.
Elayne Azevedo Pereira, aluna UNIFSA.
Com isso, Elayne apresentou à sua equipe a ideia de produzir filtros de água caseiros, utilizando baldes que armazenam alimentos (como manteiga, azeitona etc), torneiras e velas para filtro. Eles seriam distribuídos para essas famílias, melhorando sua qualidade de vida e diminuindo, assim, casos de parasitoses.
“Essa ideia surgiu quando meu irmão, muitos anos atrás, fez esse filtro para minha família utilizar, já que somos da zona rural, e não temos água tratada. Eu fiquei com aquela ideia, mas nunca tinha falado para ninguém, e aí comecei a ser monitora do professor Adalberto e falei da ideia pra ele. Ele abraçou essa ideia imensamente, gostou muito, deu muito apoio”
Elayne Azevedo Pereira, aluna UNIFSA.
Moradora do interior de Matias Olímpio, município localizado no norte do Piauí, Elayne Azevedo entende a dificuldade financeira de maior parte da população rural piauiense, que impede até mesmo de se custear um filtro de barro, cujo preço varia de R$ 80,000 a R$ 200,00. Diante disso, a aluna pede que os profissionais não esqueçam desse projeto, que deve expandir-se e auxiliar na saúde de mais famílias.
“O meu desejo é que os profissionais encarem e lembrem desse projeto e pensem ‘olha, meu paciente está vindo a cada seis meses. Ele está voltando, o que eu posso fazer? Ah tem um projeto lá do filtro que eu vou indicar pra ele’, que é para que esse paciente não tenha essa incidência. Para ele não voltar ao hospital”
Elayne Azevedo Pereira, aluna UNIFSA.
O professor de enfermagem Adalberto Do Nascimento Paz (UNIFSA), que desenvolveu o projeto com as alunas Elayne, Aline Lima de Almeida e Mariana Araújo da Costa, e a professora Kameny Santos Franco, destaca a importância da confeccção dos filtros para a população, e a emoção de ver suas alunas contribuirem para o bem estar de seus pacientes.
É muito emocionante em todos os aspectos. Primeiro por ver o fruto de um aluno que a gente pega lá no primeiro período, iniciando o curso, imaturo, e ele chega lá na frente aplicando tudo aquilo que ele aprendeu no início do curso. O aluno traz esse conhecimento da sala de aula, do laboratório disponível para a comunidade. E depois, sou muito grato por estar promovendo saúde a uma comunidade. Eu fico muito feliz por estar contribuindo com a saúde das pessoas, principalmente as pessoas mais carentes, pessoas que não tem um conhecimento específico nessa área.
Adalberto Do Nascimento Paz , professor de enfermagem UNIFSA.